sexta-feira, outubro 06, 2006

Túnel do Rossio 'poupa' quatro anos de obras

O futuro do túnel ferroviário do Rossio vai ser conhecido amanhã ou na próxima semana. As obras já não vão demorar mais cinco anos, mas apenas mais um e deixam de se fazer intervenções que demorariam 48 meses a executar. O consórcio Teixeira Duarte já entregou à Rede Ferroviária Nacional (Refer) o novo plano de trabalhos para reabilitar aquela estrutura, encerrada desde 22 de Outubro de 2004, porque ameaçava ruir a qualquer momento.

Com a nova proposta - sobre a qual nenhuma das entidades envolvidas se arrisca a pronunciar -, deixam de ser executados quatro anos de intervenções que a Teixeira Duarte propunha para tornar mais seguro o empreendimento.

Assim, subsistem várias dúvidas. Por um lado, quanto é que mais um ano de obras vai custar ao erário público, ou seja, ao bolso de cada cidadão português. Por outro, como é que, retirando quatro anos de intervenções em obras, se mantêm os níveis de segurança propostos pelo consórcio Teixeira Duarte.

A questão é que, no dia 28 de Julho, a Refer recebeu daquele consórcio um pedido para prorrogar por mais cinco anos o prazo de conclusão da obra, porque seria necessário rever os métodos de construção para o fazer em condições de segurança .

Convém não esquecer também que o prazo inicialmente previsto era Junho de 2006, depois foi adiado para 28 de Agosto de 2006 e, em Março de 2006, desapareceram as previsões, porque o consórcio pediu uma prorrogação de prazo de 252 dias e, quatro meses depois, fez novo pedido, atirando a conclusão da obra para 10 de Novembro de 2011.

Neste momento, ainda não há informações sobre os custos adicionais (a obra foi adjudicada, em Julho de 2005, por 31,78 milhões de euros) nem os novos prazos, porque a Refer só deverá anunciar a sua decisão "amanhã ou na próxima semana".

O DN questionou a Refer sobre quais as intervenções que deixam de ser efectuadas com este recuo, que se traduz em menos quatro anos de obras, e a sua influência nos níveis de segurança. Da empresa responderam que "essas explicações têm de ser pedidas ao empreiteiro".

Fonte da Refer salientou, porém, que "a Teixeira Duarte tem créditos no sector e conhece bem o túnel. A Refer dá especial atenção às questões de segurança, pelo que a esse nível tudo está a ser devidamente acompanhado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil".

Relativamente a esta empreitada, colocam-se várias questões, como quais os motivos que levaram a Teixeira Duarte a solicitar à Refer mais cinco anos para obras. Terá sido porque descobriram novos problemas e são necessárias mais intervenções, como, por exemplo, reforçar fundações de várias construções? Outra hipótese poderá ter a ver com a necessidade de rever os métodos de trabalho obrigando a aplicar outras técnicas de obras mais demoradas?

Ou será que a Teixeira Duarte celebrou novos contratos e precisa de retirar equipamentos e trabalhadores do túnel do Rossio para os deslocar para essas obras? Ou, pura e simplesmente, porque o consórcio quer desistir da obra, porque chegou à conclusão que os custos são muito mais elevados do que os valores inscritos no contrato celebrado?

Também é caso para perguntar como é possível voltar agora atrás, esquecer os cinco anos de obras e fazê-las num ano. Assim, executando a obra só num ano e não em cinco, quais os trabalhos que deixam de ser feitos? A não realização dessas obras faz ou não falta à reabilitação do túnel? O nível de segurança no túnel reduz-se com estas obras feitas num ano, comparativamente com as que seriam executadas em cinco anos?

Todas estas questões foram colocadas à Teixeira Duarte, que, por escrito, limita-se a responder o seguinte: "Todas as questões relativas à obra e ao seu desenvolvimento deverão ser colocadas ao dono de obra, no caso a Refer". Assim, qualquer esclarecimento nunca é dado, porque as duas empresas empurram as explicações de uma para a outra.

"Sobre as questões de segurança, apenas reiteramos que a Teixeira Duarte nunca transigirá ou negligenciará aspectos ligados à segurança de pessoas e bens e da própria execução dos trabalhos", garante o documento da empresa construtora.
Fonte: DN

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